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Testemunhos
«… Professor e cientista, marcou gerações sucessivas de alunos, de futuros professores e de colegas com o brilhantismo da sua escrita, o rigor do seu pensamento e o gosto constante pela experimentação e pela descoberta […]
Como professor, cultivou nos seus alunos o gosto pela experimentação, pela descoberta, pela ciência. Como metodólogo, soube conceber os meios e os instrumentos para organizar o ensino, participando na formação dos futuros colegas, sempre com a convicção do papel essencial que compete aos professores. E, por isso, escreve que, como professores, “nós somos, em última análise, o método, o processo, a forma e o modo” «Palestra, 1959».
Jorge Sampaio, Presidente da República, Discurso proferido na Escola Secundária Pedro Nunes, a 17 de Dezembro de 1996.
«… Como Professor, semeou o amor da ciência e da cultura na mente de centenas, talvez de milhares de discípulos, futuros docentes e investigadores.
Todos os que tiveram a fortuna de o escutar como alunos para sempre recordarão o Mestre. Neste, coincidem a consciência de uma densa humanidade bem desperta, uma exigência forte da qualidade pedagógica e o amor da ciência, da pesquisa e das letras…»
José V. Pina Martins, Presidente da Academia das Ciências, homenagem a Rómulo de Carvalho, 24/11/1996
«… Rómulo de Carvalho foi, antes de tudo, o Professor. Que reflectiu muito sobre o ensino e sobre a sementeira que deve ser sempre a educação. Depois do laboratório, revelou-se um insaciável investigador. Além do divulgador, foi ainda um historiador da ciência e da educação, com obra muito valiosa…»
Guilherme d’Oliveira Martins, Ministro da Educação em 1999-2000
«… A obra é muito vasta e multifacetada, embora possuindo uma unidade fundamental. Creio poder afirmar que Rómulo de Carvalho é considerado por muitos como uma personalidade de dimensão invulgar e creio também que há ainda um caminho apreciável a percorrer até que se possa dizer que estão colhidos os ensinamentos que é possível colher do seu pensamento e da sua obra, aquele iluminando esta e lançando luz também sobre aspectos importantes da nossa vida colectiva, presente e passada. Obra publicada e não publicada mas também o testemunho dos que de algum modo com ele privaram merecem mais atenção do que porventura terão tido até hoje, na perspectiva de um tal desiderato…»
Frederico Gama de Carvalho, filho de Rómulo de Carvalho, Um testemunho pessoal
«… [Uma] vivência forte das letras e das artes permite-lhe chegar a um entendimento mais profundo dos mundos de dentro e de fora. E juntá-los num esforço de educação, de formação e de divulgação.
Rómulo de Carvalho é uma figura cimeira da cultura portuguesa do século XX. E por isso é com todo o mérito que, neste momento, acolhendo e assumindo um vasto sentimento que envolve desde logo a Academia das Ciências, os seus amigos e antigos alunos, os seus leitores e admiradores, e o Governo, o agracio com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada…»
Jorge Sampaio, Presidente da República. Discurso proferido na Escola Secundária Pedro Nunes, a 17 de Dezembro de 1996
«… O dom de experimentador e demonstrador dos desígnios da natureza distinguiu Rómulo de Carvalho. As suas aulas de laboratório eram sempre de uma riqueza não antecipada. Pelo modo como percebíamos o funcionamento das experiências e, ao mesmo tempo, as suas limitações. Ou o seu enquadramento. Ou as histórias humanas ligadas às grandes experiências “clássicas” que motivavam a respectiva aula…»
João Caraça, Gazeta de Física, vol. 20, Janeiro/Março de 1997
«… Rómulo de Carvalho é, para nós, tanto aprendizes como ensinadores de Física, uma figura exemplar num tempo em que as figuras exemplares não abundam. É para nós um modelo a seguir e um estímulo para prosseguir. Ensinou-nos não só o valor inquestionável da experiência mas também o valor primordial da imaginação e da inteligência. Ensinou-nos ainda a virtude pedagógica da clareza e o prazer sedutivo da linguagem…»
Carlos Fiolhais, Gazeta de Física, vol. 20, Janeiro/Março de 1997
«… Não há, porém, qualquer contradição entre o cientista, o pedagogo, o divulgador e o professor e destes com o poeta. Jorge de Sena reconheceu-o no tempo próprio: um dos “melhores nomes da poesia portuguesa contemporânea, pela originalidade e pela segurança artística”. Estamos de este modo diante de uma “visão do mundo em termos de cultura científica actual”. A criação poética une-se ao conhecimento das coisas e à compreensão do mundo – nisto António Gedeão investiu numa originalidade que se tornou logo muito notada a partir do Movimento Perpétuo (1956). E estamos, desde o início, perante um poeta muito maduro, que pesa o uso das palavras numa balança de precisão. O homem de laboratório, rigoroso, exaustivo, revela-se igual a si próprio na poesia. A ironia é usada em pitadas de mestria com mão experimentada. O cepticismo encontra-se com a busca de ideias claras e distintas. Na encenação do “teatro do mundo”, o professor está por detrás do poeta: “… tenho pressa de viver/ Com licença! Com licença! / Que a vida é água a correr. / Venho do fundo do tempo;/ não tenho tempo a perder.” E educar é orientar positivamente essa urgência – é estimulá-la. E Gedeão nunca perde o horizonte dessa tarefa premente de pôr as mentes a funcionar.
É, no fundo, a educação – e a vocação íntima do educador – que leva António Gedeão/Rómulo de Carvalho a lançar uma ponte entre as duas culturas – a científica e a humanista…»
Guilherme d’Oliveira Martins, Ministro da Educação em 1999-2000
«… Na data em que surgiu como poeta, já não era um jovem quem se estreava, nem uma figura desconhecida, ainda que com outro nome (o seu), no panorama da cultura portuguesa, onde se distinguia como divulgador e historiador da Ciência. Aqueles livros de um homem que rondava, ao lançar-se na triste aventura de publicar poemas, os cinquenta anos colocaram-no logo entre os melhores nomes da poesia portuguesa contemporânea, pela originalidade e pela segurança artística, e geraram um movimento de simpatia e de admiração, que não é costume formar-se assim em torno de uma estreia, ou de uma obra realizada de público em tão poucos anos… »
Jorge de Sena, Dialécticas Aplicadas da Literatura, Edições 70, 1978
«… A linguagem especializada que aparece nos poemas de António Gedeão deriva da física, da química, das ciências naturais em geral (biologia, mineralogia, petrografia). Ao contrário do que a novidade pode fazer crer, ela constitui pequena parcela da linguagem dos poemas…»
Jorge de Sena, Dialécticas Aplicadas da Literatura, Edições 70, 1978.
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