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		  | *Fala do Homem nascido 
 Venho da terra assombrada
 do ventre de minha mãe
 não pretendo roubar nada
 nem fazer mal a ninguém
 
 Só quero o que me é devido
 por me trazerem aqui
 que eu nem sequer fui ouvido
 no acto de que nasci
 
 Trago boca pra comer
 e olhos pra desejar
 tenho pressa de viver
 que a vida é água a correr
 
 Venho do fundo do tempo
 não tenho tempo a perder
 minha barca aparelhada
 solta rumo ao norte
 meu desejo é passaporte
 para a fronteira fechada
 
 Não há ventos que não prestem
 nem marés que não convenham
 nem forças que me molestem
 correntes que me detenham
 
 Quero eu e a natureza
 que a natureza sou eu
 e as forças da natureza
 nunca ninguém as venceu
 
 Com licença com licença
 que a barca se fez ao mar
 não há poder que me vença
 mesmo morto hei-de passar
 com licença com licença
 com rumo à estrela polar
 
 António Gedeão
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